quarta-feira, 4 de junho de 2014

O TRABALHO.


Anselmo Campanário era limpador de janelas.
Passou por um rigoroso treinamento de segurança. Ficava pendurado num pequeno assento preso ao cinto e à dezenas de ganchos e cordas que se entrelaçavam. Escalava andaimes, usava luvas protetoras para se agarrar a qualquer coisa e capacete com viseira para o sol não brilhar demais nos seus olhos. Para não ralar os joelhos em prédios acimentados: joelheiras.
Anselmo Campanário era um jabuti de cento e dez anos. Tinha vertigens e limpava edifícios de cento e dez andares.
Sua técnica era viver o real pavor que sentia, vestido de palhaço.
As pessoas das janelas riam muito dele, assim, passou a ganhar muito.
Campanário infartou-se após limpar as lentes de seus óculos.
Gastou toda a sua economia com remédios para desentortar o lado esquerdo do seu corpo.

Sebastião Agre D'oce, um famoso fotógrafo, fotografou Anselmo com a boca torta, vestido de palhaço.
Virou capa do seu novo livro de sucesso. Anselmo achou tudo muito estranho e ganhou mais dinheiro que ele não esperava ganhar.
Torto e rico, contratou um sapo fisioterapeuta muito colorido e cintilante. Contratou uma tartaruga enfermeira que trocava favores pelo salário superfaturado. Ela morreu num tiroteio na selva e Anselmo achou a chave da caixa-postal que ela guardava o dinheiro extorquido dele.

Anselmo Campanário estava de saco cheio, com mais dinheiro e continuava torto.
Um dia, ele comeu o cu do sapo cintilante.

23/05/2014



sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A Decadência.


Eu ri
Tive um colapso cômico
Perdi o ar com gargalhadas
Achei tudo muito engraçado
Sorri
Morri de rir

terça-feira, 22 de novembro de 2011

PRELIMINARES


-Azul é a sua cor predileta?
-Não.
-... Porque você esqueceu um isqueiro azul comigo e hoje você está com outro isqueiro azul.
-É que eu peço um isqueiro e sempre o carinha me pergunta qual cor. Eu falo qualquer uma e ele me dá.
-Vai ver que o azul é a cor que menos sai a pedidos!
-Sei não.
-Qual é a sua cor predileta, então?
-Ah, velho, vamos falar de outras coisas?
-Diga aí!
-De fogo.
-Tira a mão daí!
-Me passa o isqueiro!
-Qual, o azul?
-...
-A minha cor predileta é o fogo!
-Tira...

22nov2011

sábado, 5 de novembro de 2011

TARTARUGA


A cara da tartaruga era de dúvida.
Um quadrúpede parado por natureza dando um tempo pra refletir a sua dúvida.
Ela fica parada, demorando no tempo e a conclusão parece não chegar.
Qual é a dúvida da tartaruga? Por que ela fica estacionada com cara interrogativa, olhando pra direita e pra esquerda?

Na terça feira a tartaruga chegou com suas compras:
um par de camisa, short e tênis brancos.
Abriu seu guarda roupas branco e pendurou nos cabides brancos suas compras brancas.

O estranho é que junto à nova camisa branca outras trinta e sete também eram brancas e iguaizinhas.
Os oitenta pares de tênis também. E os quarenta e três shorts, do mesmo modelo e tom de branco.

É aí que voltamos ao estado duvidoso que a tartaruga se encontrava.
Ela não sabia que camisa, short e tênis usaria pra sair na quarta feira.

A tartaruga começou a ficar nervosa e suava.
Da nervosia passou para um estado ansioso que a abateu e a fez suar mais.
Ela então começou a experimentar as camisas com as quais ela combinaria os shorts e tênis brancos.
A conclusão não chegava e ela fez xixi de raiva.

O xixi deu um tom amarelado no short branco e deixou uma gota no tênis branco.
A tartaruga sorriu. Agora só faltava escolher dentre as trinta e sete camisas brancas.

Quarenta graus, pleno verão:
a tartaruga decidiu ir sem camisa, com o casco à mostra.

Na quarta feira, lá estava a tartaruga com a mesma cara de dúvida diante de uma loja onde se lia:
DESMONOCROMATIZE SUA VIDA DENTRO DA ARCO IRES TINTAS

Qual cor?
Era essa a nova dúvida da tartaruga.

2010

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A CASA BRANCA (atenção: conto pornográfico)


A casa era branca e cúbica.
Grande, espaçosa e sofisticada. Gosto requintado, de tendências contemporâneas em design.

Morava o dono da casa e a empregada que ele fodia quase todos os dias.
Ela se sentia a dona da bela casa, quando dava o cu para o patrão.
O patrão dava presentes de camelôs, que ela já conhecia, de praxe.

Quando o patão queria que ela fizesse dupla penetração, junto com seu melhor amigo, ele melhorava o presente: rolava uma lingerie de marca famosa, original.

Ela imperava e cavalgava na linda casa quadrada...

No outro dia, recebia tratamento austero. Nada aconteceu. Nem precisava advertir.
_Pega, faz, mais!
Só ordens até a lua apontar redonda...
Aí, ele parecia namorado. Tirava a calça e deixava que o pau endurecesse dentro da cueca branca e aí tirava todo o resto.
Eles se chupavam muito. Ela gemia muito. Ele gostava muito. Dava uns tapas na bunda dela e muito.
A casa tinha vários servidores: bares automáticos, máquinas de cigarros diferentes, refrescos, camisinhas, chocolates, vale brindes, bijou para presentear a empregada que colecionava.
Ela ganhava bijou quando deixava que ele a fudesse com mais violência. Fuder pra ralar.

A casa tinha home theatre.
Na tela de cinema, altos pornôs. Os proibidos por lei. Os pervertidos.

Ela adorava essa heresia. Ele sabia disso. Sabendo disso, dominava a empregada para tudo que sua libido desejava. Era rico.

O cu da empregada estava do jeito da buceta, aberto de tanto levar estocadas.
Ele gostava de esporrar nos cabelos dela, ou na garganta.
Ela tinha que engolir. Já ficou roxa quando cuspiu.

O patrão soltava a grana para a empregada não andar fedida, nem mal vestida. Tudo que era pra beleza da empregada, soltava a grana.

A casa se não estivesse na mais perfeita ordem...
Era o patrão e uma mulher muito roxa na casa.

Ela gozava com a variação de temperamentos dentro da sua casa.

No auge de uma trepada, ensandecida, ela estrangula o patrão.

Todos os papeis já tinham sido providenciados por ela.
Agora ela dá a bunda pra bancar a casa.

No quarto espaçoso, fica o advogado. No de cima, o delegado. No dela, um duplex com piscina, sauna, vista panorâmica, fica o soldado chinfra na graduação policial. Era como se fosse a reencarnação do seu ex patrão.

Mas agora, a casa era dela.

11e12dez2005

"UI" "SLOPT"


Uma Roela despencou dum lugar alto
e desceu rolando.

Passou por momentos terríveis!
Trombou num Tatu bolado no início do caminho, no meio do caminho emberedou um Buraco profundo, que ecoou suas súplicas:
_ Valhei-me!

E por fim,
um Gancho.
A Roelinha enganchou no Gancho.
Com força, velocidade e impacto.

O Gancho ficou impactado:
_Que roela!

Desculpe-me Sr. Gancho, eu despenquei e...
_Não, não diga mais nada. Você está salva.
_Onde devo desenganchar-me?
_Oh, espere...
_Tudo bem.
"SLOPT"
_Ui
_Ui
_Obrigada!
_Escuta, minha vida é aos ganchos e reganchos. Não é sempre que uma roela linda como você engancha no meu gancho com tamanho furor.
Fiquei deslumbrado por você e creio já estar apaixonado!
Sendo assim, proponho viver eternamente enganchado em você, minha redonda e roliça roela cadente...
_Não.
Tem um parafuso na jogada. Ele ficou lá em cima. Foi ele inclusive, que numa de suas pegadas, me fez despencar até você
_Então, eu te atraí!
_Aaai! Me desgarrancha, gancho chato! Quero subir...
_Hum!
_Roela!!
_Parafuso!!

Numa ganchada, o gancho enganchou novamente na Roela, que gritou e levantou-a nas alturas.
Ela caiu de boca no Parafuso e encaixou rodopiando feito uma louca.

O Tatu que viu tudo, ficou mais bolado ainda.
E o Buraco ecoa agora os gritinhos da roela rodando pra cima e pra baixo no parafuso.

O Gancho encurvou-se até deixar de ser gancho. Virou uma roela e desceu ladeira abaixo tentando outra sorte.

10jul2007



AMARELA ALARANJADO


Uma bicicleta amarela rodava no quilômetro, evitando levar as coisas para o beleléu.
Um dia saiu de sua garupa um velocípede amarelado que virou um triciclo grande e lustroso.
Foi capturado.
A bicicleta amarela saiu alucinada atrás, trombou com um trem, ficou toda descascada e entortada.
Enferrujou.
Foi reciclada e virou capô.
Hoje ela faz parte de um fusca alaranjado e atravancado, que foi parar no DETRAN.
Um dia foi leiloado o fusca.
Ganhou um motorista de alma retrô, que lembrava sempre de uma bicicleta amarela, quando ainda não tinha carteira de trânsito.

18set2004