terça-feira, 22 de novembro de 2011
PRELIMINARES
sábado, 5 de novembro de 2011
TARTARUGA
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
A CASA BRANCA (atenção: conto pornográfico)
"UI" "SLOPT"
AMARELA ALARANJADO
CHORINHO
VELHOS TEMPOS
PARA SEMPRE
Ô
STREEP TEASE
ELA
EU PASSO!
PASSAS E UVA
CRUZ
E AGORA, OPORTUNIDADE!
SAMBA 2
ZOO
MATEMÁTICA
SAMBA
MULHER
AGITE ANTES DE USAR
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Finalmente!
Era pra ter alguém em casa quando ele chegou.
Não chamou por ninguém, mas lembrava disso a todo instante.
Fez tudo o que fazia quando chegava a casa.
Ninguém em casa.
Chegou a sua hora de dormir e absolutamente ninguém em casa.
Desceu as escadas e antes do primeiro degrau viu seu irmão ensanguentado, de cabeça quebrada.
Ele estava estranhamente pendurado na parede. Por fim deu-se conta de que todos os outros cinco da casa jazem.
Chorou como nunca
Entrou em histeria
Puxou os cabelos do peito
Da cabeça
Da perna
Do ouvido
Do bigode
E do nariz.
Tremeu todo, perguntou por quê?
Viajou pra outra cidade e pediu que os parentes cuidassem das cremações.
Voltou e sentiu que a casa ficara só para ele;
Assim como Marta, a empregada que não morreu.
Marta sabia de coisas que ninguém poderia saber a seu respeito.
Coisas de quarto.
Ele desejou a morte também dela.
Ela aceitou, não tendo tempo para o arrependimento.
11/10/11
João.
VOU LHE ENTREGAR UMA FLOR
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
O Balão do Francisco
Numa respiração boca-a-boca, encheu-se de graça o balão.
Com um nó na garganta e o vital estrangulamento, manteve em seu íntimo o hálito de Francisco, seu progenitor.
Nenhuma frincha deixava esvair o ar gostoso que o fez crescer e aparecer.
Encheu-se de altivez e vida longa, assim esperava!
Num dia colorido, no parque da cidade, o balão cheio ficou um pouquinho sem ar ao ver um irmão que voava.
Que maravilha, pensou!
Francisco ao notar que ele tinha murchado um pouquinho de tristeza, foi brincar com seu balãozinho junto a outras crianças. O balão voava de mãos em mãos, todos riam e se alegravam bastante. Mas o balão não esquecia do irmão que flutuava: ele consegue voar! E deixou mais um pouquinho de ar escapar.
Francisco vendo seu abatimento, sabiamente, como todas as crianças, colocou o balão no colo, o acarinhou e lhe disse ao pé da orelha:
Aquele balão pode sim, voar. Mas repare que ele está engaiolado por aquela cordinha, ele não está a mercê do vento, saltando de lá pra cá, dali pra colá. Ele está preso, é um balão em que seu silêncio pesa como asas quietas e recolhidas. Ele lá de cima, não participa das nossas brincadeiras, não se diverte sendo acariciado pelas mãos infantis. Uma corda o mantém distante, sem autonomia. Você pode rolar na grama, sentir o toque das flores, rebater-se nas árvores, passear com a brisa e ficar bem pertinho de mim. Você foi beijado para nascer, tem dentro de si o arzinho quente que veio do meu coração. Seu irmãozinho apesar do seu potencial de voar, tem dentro de si um gás frio. E caso ele queira desvencilhar-se do seu dono e ganhar o céu, ele voará sim, mas pra subir solitário até a uma pressão que o estoure. Morte prematura e bruta, ao passo que você, meu redondinho, ficará velhinho junto de mim. E não me importará suas ruguinhas, se tornará meu pequeno maracujá!
E quando for a hora, desatarei seu nó para que o nosso ar possa apagar até a última velinha do seu bolo de aniversário.
Para o meu filho Francisco.
João.
10/10/10
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Deitou ao chão
Deitou ao chão.
Não. Ele não deitou ao chão. Ele espatifou-se, com violência, ao chão. A ponto de saírem coisas lá de dentro.
Rosa!
Bateu a porta e gritou. Sua anti-sala. Ali era dele.
Cortou a rede da janela. Já estava invalidada, suja e cheia de merdas de pombos.
Apesar de bela vista à janela, nem colocou reparo. Virou-se, encheu até o tampo de uísque e tomou.
Foi olhar a vista da janela. Jogou aquele objeto que sempre estava ali. Com força e liberdade.
Rosa viu a cena. Contou as janelas
Altair abriu a porta sem cuidados.
Levou um tapa na cara.
- Você já fez coisa pior e eu não te quebrei com aquele objeto de bronze! Perdi a chance!
Tirou e atirou. Era a arma de Atalaia, que ele não gostava de ter. Estava com ela já a muito.
Passou pela dramática e ao sair da portaria, pisou nas coisas que saíram de dentro do bronze.
domingo, 7 de agosto de 2011
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Psiu
Psiu,
O silêncio é composto, é transitado, interferido, exige força.
Não combina, impõe expectativas.
É barulhento, incomoda, é meio desequilibrado, não responde: adia o pensamento, protela.
Silêncio reverbera, não condiz em sua etimologia,
não resolve, por estar suspenso na realidade.
É sono sem sonho, é abter-se.
O pensamento grita, o silêncio mal dá-se conta, ele não é calmo,
Amortece mas não salva.
Silêncio é um estado de espírito em debate, fugitivo, que só reflete teu umbigo, tua vontade de silenciar-se.
Teu umbigo se expressa, se contrai
O silêncio é curto, é moribundo e nunca teve a arte de calar-se.
Contraditoriamente o silêncio é perfeito.
17mai2010
terça-feira, 26 de abril de 2011
O Quadro
Uma criancinha, filha de um casal muito bilionário, vivia em um condomínio fechado, blindado e lacrado.
O que mais a incomodava eram umas esculturas vivas vestidas de preto, com óculos pretos, que ficavam sempre prestando atenção nela e ao redor.
A casa da pequena bilionária era grande. Tinha tudo pra dar certo. Jardins, árvores, gramas, brinquedos, como escorregador, balanço e mais. Tinha muitas escadas, janelas, cadeiras e quadros.
O pai da pequena bilionária era um executivo de prestígio. Ele investia em quadros.
Havia muitos quadros estranhos. Não era bem os desenhos que ela assistia no room theatre; eram mais curiosos e não ilustravam nenhum Disney.
A pequena bilionária convivia com eles a muito tempo. Ela já tinha dialogado com os pequenos detalhes de cada obra.
A menina conversava com os quadros e tudo isso era numa outra dimensão, uma outra realidade, outra diversidade, outras representações.
O condomínio onde a pequena bilionária vivia estava excitadíssimo. Crianças e alguns adultos fariam uma excussão numa vã blindada pela cidade. A primeira vez.
Iriam visitar a cidade onde “não” viviam.
A pequena bilionária ficou pensativa: as conversas preocupantes de seus pais durante as refeições, os ursinhos carinhosos, as cantigas dóceis, cds com canções educativas em tons divertidos, e aqueles quadros oníricos.
Partiram todos. Depois de muita distância, a pequena bilionária avistou que iriam passar por um viaduto. Lembrou de um dos quadros de uma das paredes da sua casa grande.
O motorista da vã blindada seguiu pelas poucas e congestionadas vias viáveis. Por baixo, carros. Dos lados carros. Acima carros. Todos entre um fumê de fumaças.
Ela notou outras coisas desagradáveis e marcantes também. Lembrou das conversas preocupantes de seus pais.
Começou a desacreditar nas musiquetas dóceis, na existência dos fofos.
Bem, vamos ao título!
Na sua espaçosa casa tinha um quadro em que o viaduto levava às nuvens. Poderia também subir escadas largas ou optar por rampas gostosas.
A pequena bilionária lembrou que o quadro tinha luminárias. Pensou nas diferentes luzes deste quadro. Luzes que brilhavam, luzes que escondiam; luzes brincantes.
Eram figurativas as nuvens, não fumaças borradas e impregnantes que formavam as galerias sobre o mar. Tudo era calmo e não havia preocupação.
A pequena bilionária pediu ao motorista da vã blindada, educadamente, para assim que possível, na primeira oportunidade, a devolvesse para os seus quadros; seu condomínio fechado.
João Batista Guimarães Alves.
15/04/2011